20 May 2007

Aquilo que não DIZEM

Muito se escreve, muito se fala e pouco ou mesmo nada se DIZ.
Ao escutar, numa entrevista recente, num dos novos países da CE, uma candidata que vem de uma experiência recente em controle de aplicação de investimentos suportados pela CE, não pude deixar de sorrir. Dizia-me ela então, que todos os cêntimos são controlados via um sistema que envolve o governo central, o governo regional, municipos e empresas privadas mas que, na realidade, fazem ainda parte do universo estatal. Este país, a Polónia, está numa fase que nós já passámos, com a distância e a evolução tecnológica que os ultimos anos permitem. Pensei para mim, que seria optimo se conseguissem fazê-lo, que olhássem para nós (somos permanentemente comparados com eles) e que, soubessem perceber que a verdadeira corrupção não é aquela que se vê, que se percebe, mas a que manietou este país de brandos costumes e o tornou imberbe e apático, senão, perceba-se o facto de premiarmos, validando em votos, aqueles que na prática de gestão optaram por soluções de "chico-espertismo", pessoas que na maioria das vezes nada ficam a dever à inteligência mas possuem um elevado descaramento, uma elevada falta de escrúpulos, uma elevada capacidade de serem "espertos". Todas estas elevadas capacidades, dispensáveis à actividade de serviço público ou empresarial responsável.
A CML não é só mais um exemplo, é a confirmação. As próximas eleições serão a oportunidade que os partidos políticos terão para confirmar que podem continuar, incólumes e despenalizados, a senda das suas acções e as dos seus representantes. Aparecerão agora, como se nunca tivessem feito parte de, como se nunca tivessem estado em, como se nunca tivessem decidido o, como se nunca tivessem acordado em que, como se nunca ... dirão dos outros, o que assenta neles próprios que nem uma luva e lá iremos nós, de novo, dar-lhes o Ámen, e sem sequer exigirmos umas quantas orações de penitência. Mal das sociedades e culturas que, aceitam Bulas e outras formas pagas de perdão que não passam pelo verdadeiro arrependimento e alteração de comportamentos. O Caso BragaParques como muitos outros, vem de muito longe, cruza partidos e gestões públicas, vem de quem agora se quer distanciar, afirmando-se sem qualquer relação com, sem ter a ver com ... e lá vai o povinho votar ... se isto não é corrupção ?!
A apatia passa por muito mais do que isso, passa por um sistema construído durante trinta anos para beneficiar os que estavam, estão envolvidos de alguma forma em grupos de interesses, partidários, reunidos em sociedades mais ou menos secretas, reunidos em volta do interesse "dinheiro". Exemplos?
Não há empresa que trabalhe com as grandes empresas públicas (aparentemente privadas) que não seja pertença de alguém relacionado com a própria empresa adjudicante ou que, não tenha avançado com alguma quantia para umas contas off-shore. É necessário obter determinado serviço ou produto? Formamos uma empresa para fazê-lo! Nesta entram a,b e c, noutra a, c, e e d, ainda naquela c, e, e f, mantendo-se assim um "circuito fechado" de interesses que respeitam regras específicas de serem transversais a partidos políticos e sociedades mas, não respeitam regras nenhumas de inserção em sociedade, de geração de riqueza e de preocupação social. Todos os envolvidos acabam beneficiados, impunes, crentes no seu próprio sistema, agradados entre eles e nós ... nós continuamos apáticos, a olhar para o lado, a votar, fazendo aquilo que achamos ser a nossa obrigação cívica, mesmo estando muito aquém da responsabilidade social que este acto representa. Eles, os envolvidos no processo, continuam a pedir-nos a nossa confiança e estima, e nós... nós damos, continuamos a confiar e a tentar convencer-mo-nos de que «agora isto, com este, vai dar a volta»... Se isto não é corrupção ?!
Quando vêm os prémios de produtividade, são os primeiros a garanti-los nos seus salários, mesmo em empresas altamente deficitárias, com elevados níveis de insucesso e por onde passam meteóricamente. Negoceiam entre si reformas escandalosas, cláusulas de rescisão amigáveis com valores de seis dígitos, beneficiam de ambas e acabam consultores das mesmas empresas, envolvidos nos mesmos projectos, com os mesmos fornecedores e clientes... Se isto não é corrupção .?!
Quando a dança das cadeiras começa, sabem estar seguros de que, nalgum outro lugar ou empresa, terão a sua garantida e que se houver um deserto para atravessar, este será curto e no fim terá um oásis grandioso garantido ... Se isto não é corrupção?!
Quando se adulteram resultados oficiais de desemprego porque não agradam, se faz desaparecer os desempregados de longa duração (a pior e mais degradante situação a que se pode levar alguém) para apresentar "sucesso"... Se isto não é corrupção?!
Espero que os Polacos sejam mais exigentes com os seus políticos, gestores e agentes económicos, mas não sei não. Também ja tiveram que criar os seus métodos ... sobrevivência oblige!!!

2 comments:

marmanja said...

Chega de apondar dedos, vamos a dar soluções. Mais uma vez votar em branco? Tambem não serviu de nada...

isabel mendes ferreira said...

bom dia inteligência!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




beijo.