23 April 2008


Escreveu PP no seu blog Abrupto «Algumas das pessoas mais velhas que conheci no PSD eram as mais novas.» e não posso estar mais de acordo.



Senão vejamos, o único representante da "juventude" PSD deve andar hoje pelo meio dos quarenta. Passos Coelho, por quem já nutri alguma admiração e que, me pareceu há alguns anos atrás, antes de suspender a sua actividade política, poder evoluir de promessa a confirmação, revela-se hoje exactamente alinhado com as linhas gerais de grande aceitação(?) partidária. Alinhado a um aparente bloco Menezista e sem nada de novo, de concreto, de ruptura, muito pelo contrário. A postura de estado e acento grave, não passam disso mesmo, num país onde as pessoas têm medo de sorrir, rir, por parecer menos sério, como se uma coisa fosse significado imediato da outra. Não é, mesmo! Escutei Passos Coelho atento, à espera de novidades, nada! Um discurso agradável sem propostas concretas e linhas programáticas sem objectivo final. Já para não falar de Patinha Antão ... leu todos os livros, mestres, gurus de comunicação de e para massas. Assumia a cada ponto a linguagem gestual cuidada, bebida dos livros referidos, dirigia-se ao interlocutor e imediatamente passava às massas, representadas pela assistência presente ... por falta de outra, voz grave sem mexer nunca na entoação e timbre, indagou directamente porque, deve também ter lido, é fundamental confirmar a atenção do público e isso faz-se pela análise do retorno. Admiro-lhe o esforço, quase sobre-humano, que deve ser necessário para manter um controle exaustivo, ao detalhe da mais leve postura das extremidades dos dedos das mão. Quem serei eu para analisar tanta coisa mas, gostaria de referir um detalhe. Estamos fartos de posturas artificiais, plástico até é anti-ecológico, numa fase da nossa vida em que a ecologia está na moda e se quer "de bem". Queremos quem se emocione porque está a defender-nos, a todos sem excepção, que vibre com a luta que se avizinha para derrotar os adversários, que perca a postura de quando em vez, que diga com o coração e que os gestos sigam as palavras e os olhos confirmem. Este país precisa cada vez mais de quem se bata por ele como o fez Sá Carneiro, comparem-se-lhe pela qualidade, abnegação, interesse nacional e esqueçam as vaidades fáceis, os Narcisismos que afectam infelizmente mais de metade das figuras que desejam ser públicas e que, na área política só nos podem prejudicar.



Isto traz-me de novo à questão dos "velhos". Manuel Ferreira Leite, é e representa sem dúvida o oposto ao acima descrito. Representa ela sim, a distância das vaidades, simples, clara e ninguém poderá negá-lo, com uma enorme capacidade de servir. Teve coragem para avançar com a primeiras medidas pouco do agrado social e de dar início, neste país de hesitantes e gente de côro, às reformas e linguagem que abriria caminho às actuais. Espero sinceramente que, seja capaz de se apresentar ao PPD e ao país, com um programa pragmático, que tenha em consideração as classes mais desfavorecidas e as mais penalizadas, que foi sempre apanágio desse partido, contrariamente ao PS, que sempre se esqueceu da sua filosofia socialista em tempos de crise.

Não acho nada difícil, trabalhoso sim, fazer oposição a alguém que tem tiques de ditadorzinho, que "governa" a sua própria imagem Europeia, muito provávelmente à procura da próxima oportunidade num qualquer posto da UE, talvez porque, ainda ninguém lhe tenha ainda explicado, que agora há 27 países para ocuparem cargos nessa estrutura e que Portugal não deve ver outro tão cedo.

Espero sinceramente que, a juventude desta verdadeira Senhora, a sua energia e capacidade, possa unir o PPD num projecto de ruptura com os vícios criados ao longo de 30 anos de puro oportunismo, em que, a mediocridade se impôs à qualidade, em que os sedentos de poder pelo poder conseguiram traduzir as suas posições para o funcionamento público e mesmo privado, que consiga de novo ser capaz de criar um Ideal, de mostrar onde está e para onde deseja ir.

Quero acreditar que sim porque, uma Democracia sem oposição capaz, não funciona, como não funciona sem os pequenos partidos à esquerda e à direita, que são na realidade o motor de muitas iniciativas e que, com a sua irreverência, provocações e ideais, lançam ideias, desafios e fazem os partidos com vocação governativa mexerem e terem que prestar contas. Devemos tudo fazer para os manter na Assembleia da República.



Gostava de acordar de manhã, sabendo-me parte de um país inteligente, em que os governantes em vez de anunciarem mais uma obra pública megalómana, como o novo aeroporto ou, pior ainda o TGV, anunciassem que têm uns quantos milhões para a reflorestação do Alentejo, que têm mais uns milhões em trocos para suportar, apoiar, viabilizar o micro e mini tecido económico que representa 70% da actividade económica nacional, gostava de acordar num país em que, o dinheiro empregue em dezenas, centenas de estudos dos mais variados impactos, económico, ambiental, viabilizante da viabilidade do ante-estudo do pré-estudo para o estudo da implementação, fosse aplicado na recuperação de bairros degradados, em lares de acolhimento de crianças em risco, porque esses, vêm o trabalho em que se substituem às obrigações de um estado de direito, dificultado, ano após ano pela redução orçamental por falta de verbas. Gostaria de acordar de manhã, fazendo parte de um país em que, as paixões pela educação fossem reais, com o investimento do valor do TGV Lisboa-Porto que nunca se irá pagar nem próximo do início de se recuperar, fosse aplicado na recuperação dos edifícios escolares, na sua reformulação e re-equipamento, na investigação científica, em concursos inter-escolas destinados à criação de alternativas energéticas, desenvolvimento de programas participados pelas industrias das regiões dos estabelecimentos de ensino secundário e universitário na busca de soluções locais para questões de gestão municipal de "montante a juzante", pensados com pés e cabeça, com lógica, com objectivo claro e funcional. Então, talvez sejam capazes de motivar, interessar os jovens pela aprendizagem, tornar os curriculuns e programas escolares válidos, interessantes e próximos da realidade e exigências actuais. Os indivíduos de agora são, na sua grande maioria e por razões várias, mais capazes, mais despertos e que depois se desinteressam pela falta de qualidade, falta de desafio, falta de transmissão de saber. Temos que pensar o país a médio e longo prazo, temos de deixar de querer o imediato, o objectivo/resultado anual, este sim, a desgraça das empresas, porque promove a falta de visão, a falta de estratégia, enquina a perspectiva de integração e de futuro e aplicada na governação tem resultados catastróficos.

Na minha opinião, todos os investimentos com impacto financeiro Nacional, que se venha a reflectir sucessivamente em pelo meno0s 3 Orçamentos do Estado (nosso portanto), deveriam ser sujeitos obrigatóriamente a um referendo e só a nossa decisão poderia vir a ser incluída nos respectivos orçamentos. Utópico? Não! Praticável? Sim! E então iríamos verificar o reflexo dessas opções, quer na participação dos cidadãos nos interesses nacionais, quer nos compadrios instalados. Iria dar uma boa gargalhada ...

Temos todos que repensar e reanalisar as nossas (de todos) prioridades.



E já agora sorriam, só faz mesmo bem e ajuda a abrir campos de pensamento, não fecha, não "acabrunha" como a expressão sizuda nacional.



Tenho mesmo uma Paixão por este país!


. A ler também e sob a forma de conto curto, do génio do Dr José António Barreiros, este seu post