13 May 2008
Macro-causas
Apesar de Língua, a nossa Língua Portuguesa ser dinâmica, este Acordo Ortográfico nada tem a ver com esse factor, nem vem enriquecer o seu uso diário, antes me parece desvirtuá-la. Se quiserem assinar o abaixo assinado contra o Acordo Ortográfico, por favor façam-no.
12 May 2008
as 2857 Reformas que nos deviam preocupar a todos.
«A lista da Caixa Geral de Aposentações, publicada em Diário da República, mostra que só no próximo mês de Junho o número de novos aposentados atingirá os 2516, o valor mensal mais elevado desde Fevereiro de 2006. No entanto, no conjunto dos seis meses entre Janeiro e Junho e de acordo com as contas da agência Lusa, o número de novos reformados da função pública totalizou 9854, com a maioria deles (29 por cento) a pertencerem ao Ministério da Educação.» in "Público"
Não me refiro às reformas milionárias dos gestores(?) públicos ou de empresas quase públicas que também nos devem preocupar a todos. Refiro-me sim aos cerca de 2857 professores que estão em idade de reforma ou que podem antecipar a idade de reforma, desde que tenham o tempo de serviço completo.
Sendo a favor da redução drástica do peso da máquina do estado nas contas públicas, preocupa-me o facto de, a mecânica e o critério que permitem este esvaziamento dum sector crucial ao desenvolvimento do país, serem os mesmos exigidos para qualquer funcionário de uma repartição escondida, repetida 13 vezes no mesmo número de institutos redundantes, em que, dificilmente alguém conseguirá justificar a sua existência.
Se olharmos mais atentamente e também eu, alertado por professores das nossas escolas públicas abrangidos por esta situação, chegaremos à conclusão que aqueles professores e professoras, verdadeiros mestres, dedicados, atentos e que transportam uma carga de experência pedagógica e de conhecimento fulcrais, irão deixar esta actividade, lamentando, com a consciência de que poderiam continuar a ser úteis, que poderiam continuar a ajudar legiões de estudantes com elevada capacidade e vontade de aprender e crescer, porque os há, e muitos! A razão invocada, não oficial, claro está de se ver, é que não percebem porque é que este governo os está a tratar tão mal, a colocá-los em situação de perda de condições de trabalho, falta de respeito e todos os detalhes sobejamente reconhecidos por quem segue este assunto nos ultimos meses.
Sou resultado de uma escola pública que revisitei há pouco tempo. Reencontrei algumas das minhas professoras, que no meio de um período complicado como foram os anos 1975 a 1979, conseguiram manter em funcionamento de elevada qualidade um dos melhores Liceus de Lisboa. Produziram com o seu empenho, qualidade, entrega, gente que hoje nos orgulha, nas engenharias civil, mecânica e electrotécnica, advogados, gestores, médicos, artistas e mais um sem número de profissionais e profissões. Ao longo destes anos todos, continuaram a manter essa escola pública nas classificações qualitativas que ombreiam com os melhores (?) colégios privados do país. Pois, fiquei a saber que, muitas e muitos desses profissionais, poderão optar por abandonar (esta a palavra utilizada) o ensino, fazendo uso das condições especiais, por acharem que já não têm condições anímicas para continuar.
Não seria esta uma profissão para qualquer governo se apaixonar?
Não seria o suficiente, acarinhar esta gente que tanto deu de si, lidando com as nossas idades difíceis e mostrando-nos os caminhos a percorrer, fazer-nos crescer a sede de conhecimento, animando-nos quando nos apeteceria era "mandar às ortigas" determinadas disciplinas?
Não merecem eles e elas, nesta altura das suas vidas, o nosso reconhecimento, agradecimento e porque não, pedir-lhe que permaneçam, porque vem deles muito daquilo que o país virá a ser?
Não estará na altura de reconhecer que todos somos iguais mas, uns são mais necessários que outros e assumir isso abertamente?
Infelizmente, temos um verdadeiro cego na (des)governação deste país e não me parece que possamos chegar a tempo de alterar toda esta situação.
Aqui quero, expressar a minha homenagem e agradecer, a todos aqueles que interviram no meu caminho, que souberam lidar comigo e com mais uns milhares de jovens, nos souberam ensinar, mantiveram-nos interessados e nos transportaram, quer directos para o mundo de trabalho ou para as universidades.
Se algum de vocês tiver a oportunidade de ler este texto, peço-vos que, questionem as vossas decisões e não valorizem quem vai estar por muito pouco tempo a prejudicar este país, nada comparado com o bem que poderão continuar a fazer por todos nós.
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