Diz assim a legenda desta foto no "Público" - «O Tribunal sublinha que o custo final da obra foi cerca de 78,5 milhões de euros, mais que a previsão inicial de cerca de 47,3 milhões», ou seja, custou uns módicos 39,74% a mais.
Preocupante, sim. Expectável, muito. Normal, já todos achamos que sim e depois de perdida a capacidade de indignação e de revolta, a capacidade de protestar, consequência de maiores preocupações de sobrevivência diária, própria e da família imediata, todos os factos desta e de outra obra com idênticas consequências (Túnel do Rossio, etc) passam impunes, desfilando alegremente no palco das nossas apatias.
Só levanto esta questão por duas razões. A primeira para demonstrar que estamos sempre a tempo de fazer parar o projecto TGV Porto/Lisboa, defendido pelos "OTÁrios", sim os mesmos que fizeram aprovar esta obra. Disse ainda não há muito tempo na Quadratura do Ciclo SIC Notícias, aquele que hoje é CEO da maior construtora nacional, que os políticos têm memória curta. Esta frase foi repetida à exaustão nas apresentações do mesmo programa de debate, fazia-me sempre recordar a obra agora em questão. Pois ele sabia bem do que falava. A decisão final, contra muitas vozes, de se levar o metropolitano da Baixa-Chiado até Stª Apolónia foi do Sr. Ministro das Obras Públicas à época. Essas vozes antecipavam a questão que acabou por acontecer e uma ainda mais e muito mais grave que se relaciona com a segunda questão.
Os estacamentos de madeira que sustentam todo o espaço que Lisboa ganhou ao rio Tejo e que, feitos de Pinho, dependem do facto de estarem permanentemente submersos, passaram agora a ter uma barreira que impede o normal fluxo da água das marés, sujeitando-as à exposição ao ar o que, virá a acelerar o processo de apodrecimento das mesmas. Excepto um artigo há algum tempo atrás no "EXPRESSO", sobre este assunto, não vejo quase nada escrito mas, seria interessante perceber como os cerca de 200 edifícios dos 400 existentes na Baixa Pombalina irão ser capazes de se manter e por quantos anos mais. Quanto irá custar a obra de contenção nessa altura ou se, irá haver dinheiro suficiente para o fazer, é mais um dos inúmeros problemas que, consequência de decisões egocêntricas de deixar"obra feita" a que este governo também nos sujeita, iremos deixar para as gerações vindouras.
Cada vez mais penso que, de forma diversa dos 48 anos anteriores, os 30 mais recentes irão deixar uma marca muito mais profunda e com consequências mais nefastas para o país. As novas gerações terão que alterar a maneira de pensar e de actuar, com objectivos muito mais envolventes e preocupados, com mais entrega e menos egoísmo, serão eles capazes? Lisboa e Portugal agradecerão!
De facto o artigo do "Público" termina com, para mim, um dos parágrafos mais importantes de toda a peça, prova inequívoca de que a vontade de levantar poeira não existe, não vá alguém espirrar com crise alérgica e dar nas vistas por isso.
«No relatório, o Ministério das Obras Públicas, que tutela o Metropolitano de Lisboa, afirma que "o comportamento das partes envolvidas neste processo decorreu sempre no respeito pela legalidade que deve caracterizar a actuação dos poderes públicos".» Uma verdadeira pérola conclusiva, não acham?
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