28 December 2006

De ti

Fotografia "MC"


De ti
me fico,
atento,
quando te sinto chegar.

De ti
te faço minha,
alta,
quando te sinto abraçar.

De ti
me chego,
próximo,
ao te sentir enrroscar.

De ti
me canto,
lírico,
de te ouvir respirar.

De ti
me saboreio,
longo,
de te experimentar.

De ti
me deito,
relaxado,
em sonhos de encantar
"MC"
.

26 December 2006

Maravilhosa Lisboa - Mundos Meus

Fotografia "MC"

Em que outra cidade, molhamos os pés numa frente de água sem igual, saboreando um sumo de frutas num quiosque ribeirinho, olhando o fim do dia em cores que se transformam, debaixo de uma temperatura que convida a agasalhos de "enrroscar" e de carinho?

Season's Greetings

Muito me apeteceu escrever sobre esta época. Não o fiz porque me pareceu sempre que poderia soar pessimismo. Pelo contrário, continuo a acreditar, a apostar no ser humano, a saber que pode mudar, afirmar-se, dar-se, ser abnegado, ser altruista, ser carinhoso e compassivo para com o seu próximo, o seu igual, o seu dele, o nosso, o de todos.
Depois saio lesto à procura de €540 de doação para uma instituição que acarinho. Ligo aos que me parecem ter disponibilidade, acorro àqueles que me parecem em melhores condições e deparo-me com orçamentos esgotados, a "coisa está preta", as "coisas não estão fáceis", e aquele interminável escoar de desculpas, concerteza válidas, as doenças familiares e desgraças inerentes, equivalentes à eterna resposta ao "Então como estás?". Mas não é possível, imagino eu, mais do que distante das realidades nacionais, do crescimento sustentado com que me preenchem os ouvidos e o meu discernimento que continua resistente a esta ideia e saio para a rua, noites longas de Lisboa, ou melhor ainda, a LBN, traduzindo para os menos atentos, Lisbon By Night.
Esta maravilha que me faz sair de casa e enfrentar o frio que agora se começa a sentir, Mesericordia -belo nome- Chiado, Garrett, Belas Artes ... aqui paro, mais do que encantado, encandeado, pelo brilho de 20.000 - leram bem - vinte mil lâmpadas, uma central de energia quase própria para iluminar a Maior Arvore de Natal da Europa. Recolho-me à minha pequenez, ao meu tamanho real, esmagado por este objecto Maior da Europa e descubro que vivo num país fantástico, maravilhoso, que não tem Pirâmides, não senhor! Que não tem como manter a sustentabilidade do seu sistema de Segurança Social, não senhor! Que tem todas as semanas o seu sistema de Industria e degradar-se e a encerrar, sim senhor! Que tem cada dia mais pobres nas ruas, sim senhor! Que não tem como fazer face ao crescente número de crianças abandonadas que aparecem na rua, não senhor! Que reduz as contribuições às instituições que se lhe substituem nas obrigações sociais, sim senhor! E mais um sem número de quês e porquês, mas tem a Maior Árvore de Natal da Europa, patrocinada por uma instituição de crédito (?) daquelas cujos representantes vêm para as tv.s, jornais e revistas acusar os portugueses de descontrole e acesso exagerado ao crédito e de viver acima das suas possibilidades e até nem fazem, não senhor! nas mesmas tv.s, jornais e revistas, publicidade aos seus inúmeros produtos de compre hoje comece a pagar daqui a seis meses, compre hoje que lhe triplicamos o seu ordenado, compre mais que ganha mais, compre, compre, compre, crédito, crédito,crédito ... !!! As mesmas instituições que atingem recordes de lucros na maior e mais profunda crise económica que este país (não) atravessa, não senhor!
Upsss! consigo recuperar a visão, ficando de costas para esta "maravilha" que me deveria encher de orgulho, que não reconheço isso em toda a minha ingratidão, olhando agora as intermináveis filas de papalvos ( escrevi mesmo esta palavra?) que passam varias horas do seu serão, em romaria ao dito objecto maior da Europa, gritando com o parceiro do lado, de trás, buzinando, dando um mimo mais viril á mulher e prometendo umas bofetadas "bem dadas" ao puto que está farto de estar quieto no banco de trás e quer chegar rápidamente à árvore ...
Resumo-me à minha insignificância e faço umas quantas contas rápidas ( de aritmética, claro!) e penso quantas máquinas de lavar roupa semi-industriais estão ali a ser "queimadas" nesse preciso momento.

. . . mas eu só queria €540 para pagar por uma !

Feliz Natal e Próspero Ano Novo e façam o favor de ser FELIZES.


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19 December 2006

Somos

Detalhe da "Criação do Mundo"


Quando trazemos de nós, desdobramos recantos perdidos e reavivamos os que parecem desaparecer. Aceitamos que a pele mude, se reponha e na realidade aceitamos a nova, certos da estrutura que traz, que se repete, que nos repete, sob pena de nos transfigurarmos. SOMOS e seremos nós próprios, SOMOS aquilo que SOMOS, revelamo-nos consoante as solicitações. Para mim SOMOS.
Quando me dizem que alguém mudou muito, respondo invariavelmente, quase sempre o mesmo, não mudou nada, sempre foi, é, só ainda não tinha tido oportunidade de se mostrar Estamos dentro de nós com todas as potencialidades e fraquesas que SOMOS e temos, registos de como nascemos, aquilo que transportamos de e em cada vida, aquilo que temos carregado nesta. Intrinsecamente SOMOS.
SOMOS a amálgama de tudo isto, com o que nos foi mostrado, com o que nos foi transmitido, daquilo que fomos recolhendo pelo caminho, daquilo que gostaríamos de ser, daquilo que julgamos ser, daquilo que achamos que os outros pensam que SOMOS, empíricos muito, reflexos condicionados também.

SOMOS tanto do que pensamos e gostaríamos de ser que nos esquecemos de realmente ser. SOMOS o producto de tudo e de nada, só não SOMOS o NOSSO próprio produto.


Mas eu gosto de ser como sou. Sou e Sou.

18 December 2006

Fantástico Universo



Uma das explicações já conhecidas e confirmadas da imparável expansão do Universo. Coisa tão simples !!! a ver aqui.



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17 December 2006

Domingo ao serão

Fotografia "MC"

Passos em espaços de espaço feitos, recortados de sonhos sonhados.
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15 December 2006

Espaços


Espaços


Dança pela vida ao de leve, tocando o solo sem peso,
em sedas envolta
Rodopia em espirais de luz, crescentes de expressão,
ao som de notas soltas
Sem fio condutor, longos véus flutuantes, esvoaçam
ondulando em liberdade
Espalha momentos, rasgos de emoções que outros
tentam recolher
Desenha filmes inacabados de histórias por contar,
para os reescrever
E sorri, doce, suave, às questões pertinentes, sem
se deixar perturbar
Segura de estar e de sentir, de nada ter que ser,
a saber onde ir.
"MC"
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12 December 2006

Escolhas!

Fotografia "MC"

No fim do princípio, encantei-me
No princípio do fim, desencantei-me.

Entre o fim do princípio e o
pricípio do fim, estive, fui, dei, cobrei,
fiz, desfiz, respirei, sufoquei, toquei,
repeli, fui tocado, zanguei-me, deixei,
ri-me, doeu-me, magoei, adoeci, curei,
caí, levantei-me, rejubilei, condenei,
disse, desdisse, sequei as lágrimas, chorei,
critiquei, gabei, suportei, acariciei, olhei,
senti, tossi, engasguei-me, sorri, desagradei,
discuti, desiludi, surpreendi, conquistei,
ajudei, dei-me, entreguei-me, recusei ... saí!

Depois do sim, escolhi não mais,
Depois do sonho, escolhi a realidade.
Depois do não, redescobri-me!

Depois de tudo, escolhi respeito,
Depois de tudo, escolhi-me,
Depois de tudo, há tanto!
Depois de tudo, é só o reinício,
Depois de tudo, é sempre um novo dia,
Depois de tudo, serei ainda eu!

No final de tudo, se o houvesse,
No final de tudo, perdoei e pedi perdão.
No final de tudo, agradeci!
"MC"
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10 December 2006

U2 and greenday- the saints are coming

Como vivemos algumas utopias, esta diz muito. Bono, em todas as intervenções sobre a guerra e a fome no Mundo, diz aquilo que assino por baixo sem qualquer hesitação. A ver até ao fim, vale a pena!

Iraque para que te queremos ... !!!

Interessante para quem gosta de seguir estas coisas. As entrevistas fantasticas, limpas, sem demagogias nem opiniões descentradas de qualquer dos entrevistadores e que criam uma linha de diálogo e raciocínio claro, que submete os entrevistados a um tal estado de pressão que eles acabam por dizer aquilo que, em princípio não quereriam. A BBCNews tem estado a "passar" um alargado número de entrevistas sobre o Iraque, com vários intervenientes, locais e internacionais, das quais destaco a de Koffi Annan ( «Koffi who?» segundo o presidente da única super-potência), as várias intervenções do mesmo RetardedBush e hoje com o Mr Blair. Gosto deste Mr. Blair, o homem das oportunidades e dos momentos caridosos. A ver com muita atenção. Pena a delicadeza dos entrevistadores, que como boa política, não ultapassam as barreiras do "common sense and sensitivity". Jornalismo de primeira, palavras ainda surpreendentes. Caso encontre os links, coloco-os aqui.

Repose à ma tendresse ...

Incondicional


Broto desenvergonhado, corro, lento
em murmurios, crepito ao rasgar,
suave, sem esforço me estendo à natureza,
me entrego, corro suave! Nada peço,
aceito, tomo, deslizo, junto-me, aceito! O mais, aceito!
Agora cresço alargo margens, inundo, ganho rapidez,
toco notas em oitavas de pedras e de mim feitas,
ao sabor do caminho. Navegas em mim ao sabor da corrente,
jorro caudais de prazer, banho e sou banhado.
Transformei-me num caudal imenso, nutro
e sou nutrido, alimento, dou de mim e
recebo para mim, nada pedindo, dou, nada exijo,
recebo!

Sou reflexo de tudo, das formas mais criativas,
ondulo suave e brando, transformo-me,
recrio-me a cada instante, em torrentes
fortes, inundantes, abro caminhos nas pedras,
sem guardá-las, antes libertando-me.
Caio em cascatas ruidoso, borbulho, rodopio,
liberto-me irreverente, abrindo-me para o
amanhecer, o dia de sol, a noite cálida.
O nascer-do-sol cumprimenta-me, aquece-me,
abraça-me enchendo-me de actividade e vida
e eu transporto os seus raios pelo dia até que
se despeça, porque regressa sempre para me
confortar.

Sou onde buscam a força, desaguam as máguas,
pensam esperança, sempre correndo, sempre
renovado e renovando, olhando em frente o,
curto que me é dado ver, o próximo passo,
a curva, o verde, sem querer pensar o que está
para lá disso. Nada peço, senão o meu espaço,
a liberdade de seguir ao meu ritmo, de ser,
de estar, de correr, abrandar, saltar, sussurrar,
estremecer, cheirar, sentir, de criar em mim,
de me encher das pétalas e folhas que me oferecem,
dos musgos das florestas e campos abertos que
me acompanham, os portos-de-abrigo que em mim,
constroem.


Muitos vêm às minhas margens, alguns
navegam em mim, nutro, sou nutrido.
Transporto momentos de cada momento, fugazes,
sou transparente por vezes, outras menos, mas
sempre rico de oferendas aos que cruzam o seu olhar,
aos que me tocam, que deixam que os toque,
que em mim habitam, que guardo, cumplices
nos prazeres que me devolvem. Toco as margens,
chamando devagar, lembrando que ali estou,
para que não te esqueças, saibas que sim, estou,
sou, até desaguar em ti, enchendo o teu mar de
mim e tudo te entregar. Porque nada pedes,
antes aceitas e vives o Amor que desaguo em Ti,
Incondicional!

“MC”

09 December 2006

Brandas Manhãs

Fotografia "João Gregório"

06 December 2006

Somos o que criamos.

Fotografia "Joanna Gonsior"
Um velho índio descreveu certa vez, os seus conflitos internos:
-Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre a brigar.
Quando então lhe perguntaram, qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:

-Aquele que eu alimentar.

"Autor desconhecido"
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E foi um longo caminho, desde aí!

Espaços Vazios

Vim de longe, de onde não sei, mas de mim foi.
Sentado de encontro à ombreira da porta,
deslizando o olhar para dentro deste quarto
inspirando o cheiro daqueles a que se destina.

Fico aqui, quase vazio, imaginando como teria sido,
ter tido outro tipo de desejos e valores
que me tivessem permitido ouvir e ver a cor
dos sorrisos tirados do mais simples olhar de ternura.

O cheiro, esse sentido apurado, mostra
o caminho á minha recordação, que sem esforço
e em definitivo me transporta para um mundo
que já hoje me parece doutro, tão longe está.

O sentir, esse fica e perdura em cada sopro e cada gesto,
em cada espaço. Fixo o olhar e sonho ... com risos, gritos,
saltos e abraços feitos de impulsos de ternura,
onde o corpo assume a voz e fala dando de si e do todo.

A dúvida, companheira do sentir, faz passar
diante de mim imagens fugazes daquilo
que poderia ter sido, do sonho que foi,
de que possivelmente é, do que poderá vir a ser.

Não quero certezas, não procuro explicações por sobejas
e mutáveis, como incertas e inconsistentes, tanto como
cada um de nós, actores, deste palco de expressões
e frases, de gestos e olhares, de olhos que se afastam da boca

... e do corpo que insiste em desmentir os dois. Fico! Sou! Serei!

“M.C.”
2000

04 December 2006

Bom dia

Fotografia "MC"


No teu corpo

Do teu corpo me deito no reflexo prateado
da penumbra que nos envolve, formas que
escapam à luz de velas, percorridas lentamente
por olhares semi-cerrados, desfocados, mais bebendo
insaciáveis, prolongando a satisfação.

Respiro o teu odor ao ritmo do meu coração,
entranhando em mim, ora calmo, tranquilo,
compassado do tempo a escorregar brando,
ora agitado, galopante de querer, de desejo
incontrolado, exuberante, pronto.

Sinto na pele o correr dos teus dedos, desenhando
as formas do meu ser, deslizam em gestos conhecedores
dos caminhos a percorrer, suaves, fortes,
enterram-se na carne, gentis e decididos,
sem hesitar, levando-me, conduzindo, seguros.

. . . aqui estou, aqui me tens!


."MC"

01 December 2006

Jessye Norman - Dido's Lament

Dido and Aeneas, composto por Henry Purcell (organista de Westminster Abbey, Londres) em 1689, é uma Obra-de-Arte Barroca . Esta aria corresponde ao fim desta opera de Purcell, depois de Dido ordenar ao seu amor Aeneas que a deixasse.
Ela canta este lamento e ... morre.

«When I am laid in earth,

May my wrongs create

No trouble in thy breast

Remember me, but ah! forget my fate»


Mágico !!!