30 January 2007

SER Criança (1)

Em 18 anos de andanças, presenças, umas mais extensas que outras, contactos com serviços sociais dedicados à protecção de crianças, conseguimos ficar com uma pequeníssima ideia, muito leve mas, com uma imagem criada pelas diversas situações em que se intervem ou se contacta. Quando se discute o aborto e as condicionantes em que pode legalmente ser uma opção, se grita de um lado e do outro os upsides e downsides da questão, torna-se tudo um mundo quase à parte, eu diria mesmo desfazado da realidade. Daí que, em consciência não consiga chegar a uma conclusão clara, nem sei se alguma vez chegarei. Quero, no entanto, deixar claro que esta opinião nada tem a ver com a questão do aborto, ou terá?

Existe uma pergunta que se me aflora, cada vez que que se chega ao tema adopção e que sistematicamente abtém respostas anacrónicas, de justificação duvidosa. Uma das condicionantes ao processo de adopção é, a não escolha à priori, da criança a adoptar. Estou em completo acordo se se contemplar a adopção vinda de alguém que se candidata e quer definir à partida o tipo, côr, côr de olhos, etc, etc.
Mas se, quando o desejo de adopção vem do facto de se terem criado as condições naturais entre pessoas que se foram conhecendo, aproximando, gostando e unindo ao longo de um período de tempo, proporcionado por exemplo, por um serviço de voluntariado? Nessa altura, aquilo que levou dois seres a reconhecerem-se, a entregarem-se e a aproximarem-se naturalmente, criando os laços afectivos , aqueles que realmente interessa, aqueles que quando não acontecem, geram as adopções falhadas, altamente problemáticas, altamente penalizantes para a criança e algumas vezes para os pais adoptantes, DEIXA de ser importante, não é possível ou usável como factor positivo. Passa a empecilho na hipotese dos pais (pai ou mãe) adoptivos quererem adoptar aquele ser, em que o sentimento de AMOR é mútuo.
Não convirá mudar alguma coisa mais à Lei de Adopção?
Mas pouca gente refere as crianças devolvidas ( sim, devolvidas) porque «não era bem isto que queríamos!», « já não aguentamos mais!» e muito provavelmente um rol de outras razões que nos deixariam boquiabertos. Isto porque foi tudo feito de acordo com a lei, a justiça, as milhentas análises psicológicas, comportamento, elegibilidade dos candidatos, muitos chás e bolachinhas, controlados por um exército de gente valorosa e com muitos cursos, algumas vaidades e projecções, transferências e auto-satisfações.
Por outro lado, temos que reconhecer muito especialmente, todos e são ainda muitos, os que se dedicam de alma e coração aberto a defender na realidade as crianças, os seus direitos, o seu bem-estar e conforto.

.para continuar.

3 comments:

isabel mendes ferreira said...

espero...porque estou até aqui de acordo...


beijo.


expectante.

isabel mendes ferreira said...

está tudo bem?



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beijo.

Anonymous said...

Fantastico, energia, projectos, ideias,criatividade, e mais projectos. Tudo calmo, suave e com tempo.