27 February 2007

Praia

Navego os teus mares revoltos
em esperança de calmarias
Banho-me no azul das tuas águas
em transparências de verdes
Passo corais de vida e cor
em registos de ternuras
tocado ao de leve pela espuma
em rebentações na minha praia.

"MC"

22 February 2007

Mutter-Karajan-Vivaldi-Winter-mov3

Para aquecer, o corpo e o coração.

Sombras deslumbradas

Fotografia "MC"

Reabro, entre-vejo,
cuido de ter, fico.
Sobra-me o espaço,
sorrio, chamo.
Ocupa-me, quero,
preenche-me.
Quando me movo,
moves-me.
Libertas-me num
movimento de um.
Atravesso o palco,
rodopio, salto.
Fujo do projector,
mostras o caminho.
Vou por onde nos
conduzes, confio.
Ocorre-me,
. . .
como sentes por onde quero ir?


"MC"



19 February 2007

Acordares

Os Pilares da Criação, aqui no APOD

As gotículas de chuva acariciam-me a face
acordam-me para o momento
que vivo, que percorro, relembram-me
que aquilo que me trouxe, já era, que
agora de novo sou, fui e virei a ser aquilo
que virei a ter sido, pela força do momento
que será, é, foi. Somos sonhos do passado
que quisémos para futuro que viria a ser
. . . mas que já foi.

As gotículas de chuva que me acariciam
a face, dizem-me para viver esse momento,
sem sonhos expectantes, sem reivindicar
o passado . . . agora!





"MC"

15 February 2007

Viagem

Foto no APOD

Rasgam-se-me as palavras que queria de veludo,
fluem escorreitas quando as queria contidas . . .
porque a minha viajem segue em direcção a ti,
em ansiedades de não querer querendo,
desejando em disfarces de desinteresse.
Não acredites em mim, a não ser naquilo que sentes em mim!
"MC"

14 February 2007

Karajan - Beethoven Symphony No. 4 in B Flat Major, Op. 60

Fale-se de emoção e precisão, de intuição e comunicação, impossível ficar indiferente a este fantastico meu interprete de sempre, Karajan.

08 February 2007

A minha Janela



Vejo-te todos os dias assim, ao nascer, por vezes envergonhado, escondido, explendoroso quando abres forte, risonho, a marcar e a despertar-nos para a tua presença, a aquecer-nos os momentos vagarosos da manhã, enquanto te agradeço a tua presença e as cores que te fazem companhia. Bom Dia

06 February 2007

Andrea Scholl at the BBC Last Night of the Proms

quando nos acabam com a maior festa da música sem razões compreensíveis, como o foram o fim do Ballet Gulbenkian, como o tentam actualmente com a CNB e o Teatro Nacional de S.Carlos, nem o continuado sucesso das Festas da Música em Nantes demovem as festas menores de vaidades e egos mesquinhamente sobredimensionados. Aqui fica um exemplo duma Grande Festa. Oiça-se e veja-se O Grande Andreas Scholl que humildemente nos entrega a sua Grandeza ... em FESTA.

01 February 2007

Por lugares meus

"A anunciação por Caravaggio"

Trago em mim tudo de ti
imagens sucedem-se ininterruptas
sorrisos acendem-se, desenham
labios perfeitos de onde jorram
palavras, expressões, dizeres,
tons que preenchem o espaço
onde me movo, que me trazem
vivo, desperto, um em ti,
que me transformas os dias,
os fins-de-dia dengosos, quando
o cansaço te estende as pernas
sobre o meu colo e pedes as mãos
que te acariciam numa massagem
longa e suave de carinhos, os
olhos desenham calma e ternura,
os braços se abandonam, deixados,
e se estendem num prolongamento
de gesto natural e o corpo que os
segue procura o aconchego, o
encaixe perfeito, transporta os
odores que também são meus,
que conheço e guardo em toda
esta luz que nos envolve, nos
torna parceiros, companheiros
de estar e sentir, de partilha.

Preenchido estou, deste Amor
que me inunda, que guardo
brotando imparável, que já
era muito antes de o ser, onde
já existias desde que me recordo.
Antes de mais quero ser teu,
amigo de sempre e para sempre,
depois quero continuar a ser teu,
companheiro de caminhada,
cúmplice dos teus calados suspiros,
dos teus gritos de alegria, de ti,
partilhar dando-te espaço, o teu,
despertar-te para a beleza que te rodeia,
que a vivas e sintas a cada instante, mesmo
quando parece que o nevoeiro persiste,
calar-te os choros que desejo escassos,
desejar que sejas um, em paz, com tudo,
com cada um e que cada momento seja
teu, em renovação e reinício, porque
quero para sempre ser o teu Pai,
... de cada um de vós que são meus.


Para os dois seres que deram sentido à minha vida.

30 January 2007

SER Criança (1)

Em 18 anos de andanças, presenças, umas mais extensas que outras, contactos com serviços sociais dedicados à protecção de crianças, conseguimos ficar com uma pequeníssima ideia, muito leve mas, com uma imagem criada pelas diversas situações em que se intervem ou se contacta. Quando se discute o aborto e as condicionantes em que pode legalmente ser uma opção, se grita de um lado e do outro os upsides e downsides da questão, torna-se tudo um mundo quase à parte, eu diria mesmo desfazado da realidade. Daí que, em consciência não consiga chegar a uma conclusão clara, nem sei se alguma vez chegarei. Quero, no entanto, deixar claro que esta opinião nada tem a ver com a questão do aborto, ou terá?

Existe uma pergunta que se me aflora, cada vez que que se chega ao tema adopção e que sistematicamente abtém respostas anacrónicas, de justificação duvidosa. Uma das condicionantes ao processo de adopção é, a não escolha à priori, da criança a adoptar. Estou em completo acordo se se contemplar a adopção vinda de alguém que se candidata e quer definir à partida o tipo, côr, côr de olhos, etc, etc.
Mas se, quando o desejo de adopção vem do facto de se terem criado as condições naturais entre pessoas que se foram conhecendo, aproximando, gostando e unindo ao longo de um período de tempo, proporcionado por exemplo, por um serviço de voluntariado? Nessa altura, aquilo que levou dois seres a reconhecerem-se, a entregarem-se e a aproximarem-se naturalmente, criando os laços afectivos , aqueles que realmente interessa, aqueles que quando não acontecem, geram as adopções falhadas, altamente problemáticas, altamente penalizantes para a criança e algumas vezes para os pais adoptantes, DEIXA de ser importante, não é possível ou usável como factor positivo. Passa a empecilho na hipotese dos pais (pai ou mãe) adoptivos quererem adoptar aquele ser, em que o sentimento de AMOR é mútuo.
Não convirá mudar alguma coisa mais à Lei de Adopção?
Mas pouca gente refere as crianças devolvidas ( sim, devolvidas) porque «não era bem isto que queríamos!», « já não aguentamos mais!» e muito provavelmente um rol de outras razões que nos deixariam boquiabertos. Isto porque foi tudo feito de acordo com a lei, a justiça, as milhentas análises psicológicas, comportamento, elegibilidade dos candidatos, muitos chás e bolachinhas, controlados por um exército de gente valorosa e com muitos cursos, algumas vaidades e projecções, transferências e auto-satisfações.
Por outro lado, temos que reconhecer muito especialmente, todos e são ainda muitos, os que se dedicam de alma e coração aberto a defender na realidade as crianças, os seus direitos, o seu bem-estar e conforto.

.para continuar.

27 January 2007

Slow

Fotografia "MC"

Eu cá, não quero ser contra!
contra-fast,
food e todas as outras coisas que se comam,
que nos alimentam, que nos preenchem
... sou mesmo pelo faça-se slow!
saboreie-se,
sinta-se,
cante-se,
sussurre-se,
acarinhe-se as palavras aconchegando-lhes o significado
com ternura e acima de tudo, sentindo-as,
amparando com gestos, longos, lentos, amplos
regados o suficiente num movimento de tempo
suspenso, quase flutuante, como se eternidade
navegasse as ondas de todo um oceano
... olhando.



"MC"

26 January 2007

O Grande Silêncio



A Atalanta Filmes vai estrear no próximo dia 8 de Fevereiro o filme O GRANDE SILÊNCIO, documentário de Philip Gröning que ganhou o Prémio de Melhor Documentário Europeu. O GRANDE SILÊNCIO é o primeiro filme sobre a vida interior da Grande Chartreuse, casa-mãe da Ordem dos Cartuxos, uma meditação silenciosa sobre a vida monástica na sua forma mais pura. Dezassete anos depois de ter pedido autorização para filmar no mosteiro, é dada autorização para entrar ao realizador, que filmará a vida interior dos monges cartuxos. Sem música, à excepção dos cânticos do mosteiro, sem entrevistas, nem comentários, ou artifícios. É um filme sobre a presença do absoluto e a vida de homens que dedicam a sua existência a Deus.

O filme estará em exibição no Cinema Nimas (Av. 5 de Outubro, 42B), em Lisboa. apoiem na sua divulgação.





22 January 2007

Amazing Universe


Imagens extraordinárias com as explicações sempre fantasticas, a ver aqui . Agora também no hemisfério sul. Não resisto partilhar.



.

SER Criança

Fotografia "MC"

Andar a olhar o céu e a encantar-me pelas estrelas, não me afasta da realidade actual, aquela que mais directamente nos toca e nos envolve, os infimos milésimos de átomos que somos neste Universo. Tão ínfimos, tão milésimos e enésimos que, somos parte fundamental, cada gesto, cada movimento, cada pensamento, cada desejo, virá certamente a reflectir-se como um "efeito borboleta", em tudo, em todos. Daí que, cada palavra, cada gesto, cada movimento, deverá conter em si, aquilo que queremos dar e transmitir ao Universo. Gosto e sinto-me confortável do lado de cá, do lado das perguntas, do lado do sentir emocionado, do lado nem sempre correcto, do lado que por vezes fala mais com o coração do que com a razão, mas sempre sentindo que a "razão" nem sempre está do mesmo lado da razão. Muito em especial quando se trata de crianças. Aí a emoção e sentir ganham lugar, sem espaço para negociações, e com a flexibilidade resunida aos interesses da criança.

Como diria um GRANDE Amigo, homem de inúmeras responsabilidades nesta área, há gestos quase incompreensíveis para o comum de nós e que são ENORMES gestos de AMOR para quem os pratica. Uma mãe que, altruísticamente, entrega o seu filho a outros, pela única razão que não pode, não consegue dar-lhe aquilo que considera um mínimo, está a DAR-se, está a entregar e a possibilitar ao seu sangue, carne da sua carne, a possibilidade de ter e poder ter ainda mais oportunidades, aquelas que considera serem o mínimo de uma vivência com mais qualidade, mais conforto, mais oportunidades.


A chamada "razão", a justiça, não sente, não vê, quer-se cega, quer-se imparcial.

Imparcial? Imparcial quando se julga o futuro de alguém que vai crescer? Quando se decide por esta ou aquela via sem se analisar os detalhes, as sensibilidades, aquilo que realmente interessa à criança? E iludem-se esses decisores dizendo que o fazem em nome da crainça. Estamos fartos de ver essas crianças devolvidas às famílias biológicas para terminarem em hospitais e morgues, depois de serem vítimas de torturas para além de qualquer imaginação que possamos ter.


Choramos as situações que nos aparecem nos media, lamentamos-lhes a sorte e viramos a cara para o outro lado e seguimos, continuamos a eterna fuga para a frente, deixam de falar nisso nos media, arrumamos nas nossas memórias e escondemo-nos das consciências, seguimos, continuamos. Fazemos mais leis, debitamos discursos condoídos, mostramos o brilhinho nos olhos, criamos mais uma comissão, redigimos mais umas leis para somar aos milhares que já existem, alguém ractifica, limpámos a consciência e seguimos "em frente". Falo em NÓS, porque somos nós e aqueles em quem votamos sem qualquer projecto definido, claro e explícito.


Digo eu que deve bastar, devemos parar, pensar em conjunto, analisar todo o processo que diz respeito a abandonos, maus-tratos, adopções, condições para adopções, prazos de processos a decorrer na justiça, tribunais de família especializados. Tudo isto por muitas razões, a primeira das quais as de CADA CRIANÇA, imediatamente a seguir o futuro, o deles, o nosso, o de todos, o respeito por cada um deles, o respeito por todos nós. É tempo de parar, de dizer basta e de actuar.


Para continuar ...

21 January 2007

Amazing Universe


Mais uma fotografia fantástica, a beleza da Criação, e criatividade tecnológica. Não será tudo parte da mesmo e tudo se reune num só de inúmeros movimentos diferentes? A ver, observar, ler aquilo que é possível explicar, aqui.

09 January 2007

A tentar não perder !


McNaught o Cometa mais brilhante em décadas !
Para além de todos os dias o nascer e pôr-do-sol serem diferentes e belos, temos agora uma razão adicional para ir olhando para o céu por estes dias. A descrição, como sempre, perfeita e a alimentar a nossa curiosidade, está aqui no APOD

08 January 2007

O Sorriso

Olho pelo retrovisor, naquele pequeno quadro desenha-se um casal, que segue no carro atrás, olhares perdidos em sentidos opostos e com pensamentos dissonantes concerteza, próximos do “não tenho mesmo solução”, “que estou a fazer aqui”, rotinas instaladas, desinteresses assumidos. Linguagem corporal escancarada, vazios de afectos e distanciados pelo dia-a-dia e muitas questões acessórias ao relacionamento em si.
No carro ao lado, um acesso de frustrações, descarrega dores incontidas, raivas, sobre os vizinhos, porque se atravessaram, porque travaram, porque estão penteados, porque se riem, porque parecem alegres, porque ... porque ... um inúmero de razões que nem ele próprio entende.
A tendência do não como resposta, com derrapagem à valorização pessoal pela negativa, transformando num favor quase pessoal o simples detalhe de mero serviço aos outros, a que se deveriam obrigar e sentir satisfação por dar, ser prestável, ser afável.
Que dizer então do sorriso, aquilo que nos conforta de encontro às faces que se vão cruzando connosco, rarea, sume-se em expressões faciais densas, pesadas, quase intransigentes na curva labial convexa. “Muito riso, pouco siso”, infeliz dizer que nos marca a evolução, a sequência geracional, que não marca diferença, antes intensifica este estar. O que vale uma valente gargalhada, quanto cura um sorriso franco, quanto perdem os que não o fazem.
Hoje estou assim, gostava que alguém organizasse o dia do sorriso, às 15 horas do dia x, uma onda pelo mundo como outras que se fazem com resultados desconhecidos, mas haveria certamente quem se risse por pensar ridícula a ideia, mas sempre ria ou no mínimo, sorria.

... e não se esqueçam de SORRIR !

“MC”

“Por que as pessoas gritam?
Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
- Por que gritam as pessoas quando estão aborrecidas?
- Gritamos porque perdemos a calma - disse um deles.
- Mas, porquê gritar quando a outra pessoa está ao lado? - Questionou novamente o pensador.
- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça - retrucou outro discípulo. E o mestre volta a perguntar:
- Então não é possível falar-lhe em voz baixa? Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:
- Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecida?O facto é que,quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações afastam-se muito. Ora, para cobrir essa distância, precisam de gritar para poderem escutar-se. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para se ouvirem um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam, falam suavemente. E por quê? Porque os seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena, às vezes estão tão próximos os seus corações, que nem falam , somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas trocam olhares e basta. Os seus corações entendem-se, é isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
-Quando vocês discutirem, não deixem que os seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não encontrarão mais o caminho de volta."

”Que seus dias sejam repletos de amor e paz!. "
Autor desconhecido

04 January 2007

Andreas Scholl - Vivaldi - Nisi Dominus (Largo)

Não sinto o cansaço de há pouco, respiro de novo ligeiro, entrevejo-me esvoaçando suavemente, olhando de fora para mim, deixo-me estar embalado em sonhos ... vi-o a primeira vez no Convento de Beato, simples, humilde, gigante, perfeito, projectando-se por esta voz magnífica, indescritível ... Andreas Scholl

01 January 2007

Sarah Brightman - Lascia Ch'io Pianga (Live - Eden tour)

«Deixa que eu chore, o meu destino cruel» Ninguém poderia descrever melhor uma situação tão actual como o fez Handel na sua opera Rinaldo.

... e já são 3 0 0 0.

A todos esses sem excepção, a todos os civis, em particular as crianças e todos inocentes, sujeitos a decisões de quem nunca sequer saiu do seu gabinete com temperatura controlada, o meu desejo de que um dia consigamos entender para que serviu este vosso sacrifício.

.

Keith Jarrett Solo Concert

Como só ele sabe fazer !

Faço minhas as suas palavras

Editorial do Director do "Diário de Notícias" de Lisboa:


Pena medieval António José Teixeira

Saddam Hussein foi enforcado segundo as melhores regras medievais. Amarrado por carrascos encapuzados, corda ao pescoço, foi só esperar até se ouvir quebrar o pescoço. O enforcamento consumou-se num antigo edifício dos serviços secretos de Saddam, a norte de Bagdad, um dos muitos locais onde o ditador mandou executar os seus oponentes. Barbárie com barbárie se pagou. Nem o dia da execução foi inocente. Ontem celebrava-se a Festa do Sacrifício, um feriado religioso particularmente importante para os xiitas. Sabemos todos, e há muito, que Saddam era um ditador sanguinário, conhecido por requintes de crueldade. Sabemos que cometeu crimes contra a humanidade e oprimiu o seu povo. Sabemos que após a invasão do seu país foi deposto, capturado e julgado num processo irregular, marcado por interferências políticas e assassínios de advogados. A justiça e os direitos humanos em nome dos quais se quis condenar Saddam foram aviltados com a pena capital. A forca é uma marca medieval, um retrocesso civilizacional que apenas coloca os "libertadores" do Iraque ao nível do tirano de Bagdad. O acrescento de civilização que seria a eliminação da pena de morte e da tortura frustrou--se uma vez mais. E dizer, como disse Bush, que a execução de Saddam é um marco importante no caminho do Iraque rumo à democracia é apenas mais uma barbaridade. Pior, só mesmo o cinismo de algumas diplomacias tão cheias de princípios como de compreensão pela "soberania" iraquiana...Já se percebeu que nem o derrube de Saddam fez desabrochar qualquer democracia, nem a sua captura pacificou o mosaico étnico-religioso, nem agora o enforcamento reconciliará quem quer que seja. A anarquia vai perdurar durante muito tempo para gáudio de todo o tipo de fundamentalistas e terroristas. Está criado o mártir sunita, subitamente "ilibado" de muitos outros crimes do passado. Basta lembrar a invasão do Irão em 1980 e os massacres de curdos e iranianos com armas químicas. Nestes crimes houve cúmplices activos, que o armaram e apoiaram politicamente, os mesmos que ajudaram agora a enforcá-lo. Por isso se pode concluir, como ontem dizia Robert Fisk no Independent, que Saddam Hussein foi criado e destruído pela América. Dir-se-á, e com razão, que os americanos têm as costas largas para o melhor e o pior. A pena de morte é uma dessas nódoas negras que continuam a ensombrar os EUA. Confundir a forca com o caminho para a democracia ajuda apenas a perceber a irracionalidade do nosso tempo.
Fotografia "Ana Pedro"


Quero para mim aquilo que sei ser meu, colher aquilo que tenho semeado, semear muito mais, obter o resultado daquilo que tenho construído e continuar a construir. Semear as pontes que me permitem viver com um sorriso e com bastança, pontes profissionais e financeiras, pontes sociais e acima de tudo familiares, aquela com que cheguei e a que fui adoptando pelo caminho.

Quero para todos aquilo que sonho, aquilo que desejo, aquilo que traga paz, alegria e bem-estar, aquilo que sendo um sonho me parece possível, assim possamos todos vibrar com o coração e expandir a partir do coração, dar de nós, ser compassivos para com todos aqueles que estão mesmo ao nosso lado, que de alguma forma nos tocam, que tocamos, que se cruzam connosco, cujas vidas pelas mais variadas razões influenciam as nossas.

Gosto deste "estado ligado" por isso quero que ele se coadune com o meu estado de alegria e bem estar.

Bom Ano de 2007 e, não se esqueçam de Ser Felizes.


.

28 December 2006

De ti

Fotografia "MC"


De ti
me fico,
atento,
quando te sinto chegar.

De ti
te faço minha,
alta,
quando te sinto abraçar.

De ti
me chego,
próximo,
ao te sentir enrroscar.

De ti
me canto,
lírico,
de te ouvir respirar.

De ti
me saboreio,
longo,
de te experimentar.

De ti
me deito,
relaxado,
em sonhos de encantar
"MC"
.

26 December 2006

Maravilhosa Lisboa - Mundos Meus

Fotografia "MC"

Em que outra cidade, molhamos os pés numa frente de água sem igual, saboreando um sumo de frutas num quiosque ribeirinho, olhando o fim do dia em cores que se transformam, debaixo de uma temperatura que convida a agasalhos de "enrroscar" e de carinho?

Season's Greetings

Muito me apeteceu escrever sobre esta época. Não o fiz porque me pareceu sempre que poderia soar pessimismo. Pelo contrário, continuo a acreditar, a apostar no ser humano, a saber que pode mudar, afirmar-se, dar-se, ser abnegado, ser altruista, ser carinhoso e compassivo para com o seu próximo, o seu igual, o seu dele, o nosso, o de todos.
Depois saio lesto à procura de €540 de doação para uma instituição que acarinho. Ligo aos que me parecem ter disponibilidade, acorro àqueles que me parecem em melhores condições e deparo-me com orçamentos esgotados, a "coisa está preta", as "coisas não estão fáceis", e aquele interminável escoar de desculpas, concerteza válidas, as doenças familiares e desgraças inerentes, equivalentes à eterna resposta ao "Então como estás?". Mas não é possível, imagino eu, mais do que distante das realidades nacionais, do crescimento sustentado com que me preenchem os ouvidos e o meu discernimento que continua resistente a esta ideia e saio para a rua, noites longas de Lisboa, ou melhor ainda, a LBN, traduzindo para os menos atentos, Lisbon By Night.
Esta maravilha que me faz sair de casa e enfrentar o frio que agora se começa a sentir, Mesericordia -belo nome- Chiado, Garrett, Belas Artes ... aqui paro, mais do que encantado, encandeado, pelo brilho de 20.000 - leram bem - vinte mil lâmpadas, uma central de energia quase própria para iluminar a Maior Arvore de Natal da Europa. Recolho-me à minha pequenez, ao meu tamanho real, esmagado por este objecto Maior da Europa e descubro que vivo num país fantástico, maravilhoso, que não tem Pirâmides, não senhor! Que não tem como manter a sustentabilidade do seu sistema de Segurança Social, não senhor! Que tem todas as semanas o seu sistema de Industria e degradar-se e a encerrar, sim senhor! Que tem cada dia mais pobres nas ruas, sim senhor! Que não tem como fazer face ao crescente número de crianças abandonadas que aparecem na rua, não senhor! Que reduz as contribuições às instituições que se lhe substituem nas obrigações sociais, sim senhor! E mais um sem número de quês e porquês, mas tem a Maior Árvore de Natal da Europa, patrocinada por uma instituição de crédito (?) daquelas cujos representantes vêm para as tv.s, jornais e revistas acusar os portugueses de descontrole e acesso exagerado ao crédito e de viver acima das suas possibilidades e até nem fazem, não senhor! nas mesmas tv.s, jornais e revistas, publicidade aos seus inúmeros produtos de compre hoje comece a pagar daqui a seis meses, compre hoje que lhe triplicamos o seu ordenado, compre mais que ganha mais, compre, compre, compre, crédito, crédito,crédito ... !!! As mesmas instituições que atingem recordes de lucros na maior e mais profunda crise económica que este país (não) atravessa, não senhor!
Upsss! consigo recuperar a visão, ficando de costas para esta "maravilha" que me deveria encher de orgulho, que não reconheço isso em toda a minha ingratidão, olhando agora as intermináveis filas de papalvos ( escrevi mesmo esta palavra?) que passam varias horas do seu serão, em romaria ao dito objecto maior da Europa, gritando com o parceiro do lado, de trás, buzinando, dando um mimo mais viril á mulher e prometendo umas bofetadas "bem dadas" ao puto que está farto de estar quieto no banco de trás e quer chegar rápidamente à árvore ...
Resumo-me à minha insignificância e faço umas quantas contas rápidas ( de aritmética, claro!) e penso quantas máquinas de lavar roupa semi-industriais estão ali a ser "queimadas" nesse preciso momento.

. . . mas eu só queria €540 para pagar por uma !

Feliz Natal e Próspero Ano Novo e façam o favor de ser FELIZES.


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19 December 2006

Somos

Detalhe da "Criação do Mundo"


Quando trazemos de nós, desdobramos recantos perdidos e reavivamos os que parecem desaparecer. Aceitamos que a pele mude, se reponha e na realidade aceitamos a nova, certos da estrutura que traz, que se repete, que nos repete, sob pena de nos transfigurarmos. SOMOS e seremos nós próprios, SOMOS aquilo que SOMOS, revelamo-nos consoante as solicitações. Para mim SOMOS.
Quando me dizem que alguém mudou muito, respondo invariavelmente, quase sempre o mesmo, não mudou nada, sempre foi, é, só ainda não tinha tido oportunidade de se mostrar Estamos dentro de nós com todas as potencialidades e fraquesas que SOMOS e temos, registos de como nascemos, aquilo que transportamos de e em cada vida, aquilo que temos carregado nesta. Intrinsecamente SOMOS.
SOMOS a amálgama de tudo isto, com o que nos foi mostrado, com o que nos foi transmitido, daquilo que fomos recolhendo pelo caminho, daquilo que gostaríamos de ser, daquilo que julgamos ser, daquilo que achamos que os outros pensam que SOMOS, empíricos muito, reflexos condicionados também.

SOMOS tanto do que pensamos e gostaríamos de ser que nos esquecemos de realmente ser. SOMOS o producto de tudo e de nada, só não SOMOS o NOSSO próprio produto.


Mas eu gosto de ser como sou. Sou e Sou.

18 December 2006

Fantástico Universo



Uma das explicações já conhecidas e confirmadas da imparável expansão do Universo. Coisa tão simples !!! a ver aqui.



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17 December 2006

Domingo ao serão

Fotografia "MC"

Passos em espaços de espaço feitos, recortados de sonhos sonhados.
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15 December 2006

Espaços


Espaços


Dança pela vida ao de leve, tocando o solo sem peso,
em sedas envolta
Rodopia em espirais de luz, crescentes de expressão,
ao som de notas soltas
Sem fio condutor, longos véus flutuantes, esvoaçam
ondulando em liberdade
Espalha momentos, rasgos de emoções que outros
tentam recolher
Desenha filmes inacabados de histórias por contar,
para os reescrever
E sorri, doce, suave, às questões pertinentes, sem
se deixar perturbar
Segura de estar e de sentir, de nada ter que ser,
a saber onde ir.
"MC"
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12 December 2006

Escolhas!

Fotografia "MC"

No fim do princípio, encantei-me
No princípio do fim, desencantei-me.

Entre o fim do princípio e o
pricípio do fim, estive, fui, dei, cobrei,
fiz, desfiz, respirei, sufoquei, toquei,
repeli, fui tocado, zanguei-me, deixei,
ri-me, doeu-me, magoei, adoeci, curei,
caí, levantei-me, rejubilei, condenei,
disse, desdisse, sequei as lágrimas, chorei,
critiquei, gabei, suportei, acariciei, olhei,
senti, tossi, engasguei-me, sorri, desagradei,
discuti, desiludi, surpreendi, conquistei,
ajudei, dei-me, entreguei-me, recusei ... saí!

Depois do sim, escolhi não mais,
Depois do sonho, escolhi a realidade.
Depois do não, redescobri-me!

Depois de tudo, escolhi respeito,
Depois de tudo, escolhi-me,
Depois de tudo, há tanto!
Depois de tudo, é só o reinício,
Depois de tudo, é sempre um novo dia,
Depois de tudo, serei ainda eu!

No final de tudo, se o houvesse,
No final de tudo, perdoei e pedi perdão.
No final de tudo, agradeci!
"MC"
.