28 December 2006

De ti

Fotografia "MC"


De ti
me fico,
atento,
quando te sinto chegar.

De ti
te faço minha,
alta,
quando te sinto abraçar.

De ti
me chego,
próximo,
ao te sentir enrroscar.

De ti
me canto,
lírico,
de te ouvir respirar.

De ti
me saboreio,
longo,
de te experimentar.

De ti
me deito,
relaxado,
em sonhos de encantar
"MC"
.

26 December 2006

Maravilhosa Lisboa - Mundos Meus

Fotografia "MC"

Em que outra cidade, molhamos os pés numa frente de água sem igual, saboreando um sumo de frutas num quiosque ribeirinho, olhando o fim do dia em cores que se transformam, debaixo de uma temperatura que convida a agasalhos de "enrroscar" e de carinho?

Season's Greetings

Muito me apeteceu escrever sobre esta época. Não o fiz porque me pareceu sempre que poderia soar pessimismo. Pelo contrário, continuo a acreditar, a apostar no ser humano, a saber que pode mudar, afirmar-se, dar-se, ser abnegado, ser altruista, ser carinhoso e compassivo para com o seu próximo, o seu igual, o seu dele, o nosso, o de todos.
Depois saio lesto à procura de €540 de doação para uma instituição que acarinho. Ligo aos que me parecem ter disponibilidade, acorro àqueles que me parecem em melhores condições e deparo-me com orçamentos esgotados, a "coisa está preta", as "coisas não estão fáceis", e aquele interminável escoar de desculpas, concerteza válidas, as doenças familiares e desgraças inerentes, equivalentes à eterna resposta ao "Então como estás?". Mas não é possível, imagino eu, mais do que distante das realidades nacionais, do crescimento sustentado com que me preenchem os ouvidos e o meu discernimento que continua resistente a esta ideia e saio para a rua, noites longas de Lisboa, ou melhor ainda, a LBN, traduzindo para os menos atentos, Lisbon By Night.
Esta maravilha que me faz sair de casa e enfrentar o frio que agora se começa a sentir, Mesericordia -belo nome- Chiado, Garrett, Belas Artes ... aqui paro, mais do que encantado, encandeado, pelo brilho de 20.000 - leram bem - vinte mil lâmpadas, uma central de energia quase própria para iluminar a Maior Arvore de Natal da Europa. Recolho-me à minha pequenez, ao meu tamanho real, esmagado por este objecto Maior da Europa e descubro que vivo num país fantástico, maravilhoso, que não tem Pirâmides, não senhor! Que não tem como manter a sustentabilidade do seu sistema de Segurança Social, não senhor! Que tem todas as semanas o seu sistema de Industria e degradar-se e a encerrar, sim senhor! Que tem cada dia mais pobres nas ruas, sim senhor! Que não tem como fazer face ao crescente número de crianças abandonadas que aparecem na rua, não senhor! Que reduz as contribuições às instituições que se lhe substituem nas obrigações sociais, sim senhor! E mais um sem número de quês e porquês, mas tem a Maior Árvore de Natal da Europa, patrocinada por uma instituição de crédito (?) daquelas cujos representantes vêm para as tv.s, jornais e revistas acusar os portugueses de descontrole e acesso exagerado ao crédito e de viver acima das suas possibilidades e até nem fazem, não senhor! nas mesmas tv.s, jornais e revistas, publicidade aos seus inúmeros produtos de compre hoje comece a pagar daqui a seis meses, compre hoje que lhe triplicamos o seu ordenado, compre mais que ganha mais, compre, compre, compre, crédito, crédito,crédito ... !!! As mesmas instituições que atingem recordes de lucros na maior e mais profunda crise económica que este país (não) atravessa, não senhor!
Upsss! consigo recuperar a visão, ficando de costas para esta "maravilha" que me deveria encher de orgulho, que não reconheço isso em toda a minha ingratidão, olhando agora as intermináveis filas de papalvos ( escrevi mesmo esta palavra?) que passam varias horas do seu serão, em romaria ao dito objecto maior da Europa, gritando com o parceiro do lado, de trás, buzinando, dando um mimo mais viril á mulher e prometendo umas bofetadas "bem dadas" ao puto que está farto de estar quieto no banco de trás e quer chegar rápidamente à árvore ...
Resumo-me à minha insignificância e faço umas quantas contas rápidas ( de aritmética, claro!) e penso quantas máquinas de lavar roupa semi-industriais estão ali a ser "queimadas" nesse preciso momento.

. . . mas eu só queria €540 para pagar por uma !

Feliz Natal e Próspero Ano Novo e façam o favor de ser FELIZES.


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19 December 2006

Somos

Detalhe da "Criação do Mundo"


Quando trazemos de nós, desdobramos recantos perdidos e reavivamos os que parecem desaparecer. Aceitamos que a pele mude, se reponha e na realidade aceitamos a nova, certos da estrutura que traz, que se repete, que nos repete, sob pena de nos transfigurarmos. SOMOS e seremos nós próprios, SOMOS aquilo que SOMOS, revelamo-nos consoante as solicitações. Para mim SOMOS.
Quando me dizem que alguém mudou muito, respondo invariavelmente, quase sempre o mesmo, não mudou nada, sempre foi, é, só ainda não tinha tido oportunidade de se mostrar Estamos dentro de nós com todas as potencialidades e fraquesas que SOMOS e temos, registos de como nascemos, aquilo que transportamos de e em cada vida, aquilo que temos carregado nesta. Intrinsecamente SOMOS.
SOMOS a amálgama de tudo isto, com o que nos foi mostrado, com o que nos foi transmitido, daquilo que fomos recolhendo pelo caminho, daquilo que gostaríamos de ser, daquilo que julgamos ser, daquilo que achamos que os outros pensam que SOMOS, empíricos muito, reflexos condicionados também.

SOMOS tanto do que pensamos e gostaríamos de ser que nos esquecemos de realmente ser. SOMOS o producto de tudo e de nada, só não SOMOS o NOSSO próprio produto.


Mas eu gosto de ser como sou. Sou e Sou.

18 December 2006

Fantástico Universo



Uma das explicações já conhecidas e confirmadas da imparável expansão do Universo. Coisa tão simples !!! a ver aqui.



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17 December 2006

Domingo ao serão

Fotografia "MC"

Passos em espaços de espaço feitos, recortados de sonhos sonhados.
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15 December 2006

Espaços


Espaços


Dança pela vida ao de leve, tocando o solo sem peso,
em sedas envolta
Rodopia em espirais de luz, crescentes de expressão,
ao som de notas soltas
Sem fio condutor, longos véus flutuantes, esvoaçam
ondulando em liberdade
Espalha momentos, rasgos de emoções que outros
tentam recolher
Desenha filmes inacabados de histórias por contar,
para os reescrever
E sorri, doce, suave, às questões pertinentes, sem
se deixar perturbar
Segura de estar e de sentir, de nada ter que ser,
a saber onde ir.
"MC"
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12 December 2006

Escolhas!

Fotografia "MC"

No fim do princípio, encantei-me
No princípio do fim, desencantei-me.

Entre o fim do princípio e o
pricípio do fim, estive, fui, dei, cobrei,
fiz, desfiz, respirei, sufoquei, toquei,
repeli, fui tocado, zanguei-me, deixei,
ri-me, doeu-me, magoei, adoeci, curei,
caí, levantei-me, rejubilei, condenei,
disse, desdisse, sequei as lágrimas, chorei,
critiquei, gabei, suportei, acariciei, olhei,
senti, tossi, engasguei-me, sorri, desagradei,
discuti, desiludi, surpreendi, conquistei,
ajudei, dei-me, entreguei-me, recusei ... saí!

Depois do sim, escolhi não mais,
Depois do sonho, escolhi a realidade.
Depois do não, redescobri-me!

Depois de tudo, escolhi respeito,
Depois de tudo, escolhi-me,
Depois de tudo, há tanto!
Depois de tudo, é só o reinício,
Depois de tudo, é sempre um novo dia,
Depois de tudo, serei ainda eu!

No final de tudo, se o houvesse,
No final de tudo, perdoei e pedi perdão.
No final de tudo, agradeci!
"MC"
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10 December 2006

U2 and greenday- the saints are coming

Como vivemos algumas utopias, esta diz muito. Bono, em todas as intervenções sobre a guerra e a fome no Mundo, diz aquilo que assino por baixo sem qualquer hesitação. A ver até ao fim, vale a pena!

Iraque para que te queremos ... !!!

Interessante para quem gosta de seguir estas coisas. As entrevistas fantasticas, limpas, sem demagogias nem opiniões descentradas de qualquer dos entrevistadores e que criam uma linha de diálogo e raciocínio claro, que submete os entrevistados a um tal estado de pressão que eles acabam por dizer aquilo que, em princípio não quereriam. A BBCNews tem estado a "passar" um alargado número de entrevistas sobre o Iraque, com vários intervenientes, locais e internacionais, das quais destaco a de Koffi Annan ( «Koffi who?» segundo o presidente da única super-potência), as várias intervenções do mesmo RetardedBush e hoje com o Mr Blair. Gosto deste Mr. Blair, o homem das oportunidades e dos momentos caridosos. A ver com muita atenção. Pena a delicadeza dos entrevistadores, que como boa política, não ultapassam as barreiras do "common sense and sensitivity". Jornalismo de primeira, palavras ainda surpreendentes. Caso encontre os links, coloco-os aqui.

Repose à ma tendresse ...

Incondicional


Broto desenvergonhado, corro, lento
em murmurios, crepito ao rasgar,
suave, sem esforço me estendo à natureza,
me entrego, corro suave! Nada peço,
aceito, tomo, deslizo, junto-me, aceito! O mais, aceito!
Agora cresço alargo margens, inundo, ganho rapidez,
toco notas em oitavas de pedras e de mim feitas,
ao sabor do caminho. Navegas em mim ao sabor da corrente,
jorro caudais de prazer, banho e sou banhado.
Transformei-me num caudal imenso, nutro
e sou nutrido, alimento, dou de mim e
recebo para mim, nada pedindo, dou, nada exijo,
recebo!

Sou reflexo de tudo, das formas mais criativas,
ondulo suave e brando, transformo-me,
recrio-me a cada instante, em torrentes
fortes, inundantes, abro caminhos nas pedras,
sem guardá-las, antes libertando-me.
Caio em cascatas ruidoso, borbulho, rodopio,
liberto-me irreverente, abrindo-me para o
amanhecer, o dia de sol, a noite cálida.
O nascer-do-sol cumprimenta-me, aquece-me,
abraça-me enchendo-me de actividade e vida
e eu transporto os seus raios pelo dia até que
se despeça, porque regressa sempre para me
confortar.

Sou onde buscam a força, desaguam as máguas,
pensam esperança, sempre correndo, sempre
renovado e renovando, olhando em frente o,
curto que me é dado ver, o próximo passo,
a curva, o verde, sem querer pensar o que está
para lá disso. Nada peço, senão o meu espaço,
a liberdade de seguir ao meu ritmo, de ser,
de estar, de correr, abrandar, saltar, sussurrar,
estremecer, cheirar, sentir, de criar em mim,
de me encher das pétalas e folhas que me oferecem,
dos musgos das florestas e campos abertos que
me acompanham, os portos-de-abrigo que em mim,
constroem.


Muitos vêm às minhas margens, alguns
navegam em mim, nutro, sou nutrido.
Transporto momentos de cada momento, fugazes,
sou transparente por vezes, outras menos, mas
sempre rico de oferendas aos que cruzam o seu olhar,
aos que me tocam, que deixam que os toque,
que em mim habitam, que guardo, cumplices
nos prazeres que me devolvem. Toco as margens,
chamando devagar, lembrando que ali estou,
para que não te esqueças, saibas que sim, estou,
sou, até desaguar em ti, enchendo o teu mar de
mim e tudo te entregar. Porque nada pedes,
antes aceitas e vives o Amor que desaguo em Ti,
Incondicional!

“MC”

09 December 2006

Brandas Manhãs

Fotografia "João Gregório"

06 December 2006

Somos o que criamos.

Fotografia "Joanna Gonsior"
Um velho índio descreveu certa vez, os seus conflitos internos:
-Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre a brigar.
Quando então lhe perguntaram, qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:

-Aquele que eu alimentar.

"Autor desconhecido"
.

E foi um longo caminho, desde aí!

Espaços Vazios

Vim de longe, de onde não sei, mas de mim foi.
Sentado de encontro à ombreira da porta,
deslizando o olhar para dentro deste quarto
inspirando o cheiro daqueles a que se destina.

Fico aqui, quase vazio, imaginando como teria sido,
ter tido outro tipo de desejos e valores
que me tivessem permitido ouvir e ver a cor
dos sorrisos tirados do mais simples olhar de ternura.

O cheiro, esse sentido apurado, mostra
o caminho á minha recordação, que sem esforço
e em definitivo me transporta para um mundo
que já hoje me parece doutro, tão longe está.

O sentir, esse fica e perdura em cada sopro e cada gesto,
em cada espaço. Fixo o olhar e sonho ... com risos, gritos,
saltos e abraços feitos de impulsos de ternura,
onde o corpo assume a voz e fala dando de si e do todo.

A dúvida, companheira do sentir, faz passar
diante de mim imagens fugazes daquilo
que poderia ter sido, do sonho que foi,
de que possivelmente é, do que poderá vir a ser.

Não quero certezas, não procuro explicações por sobejas
e mutáveis, como incertas e inconsistentes, tanto como
cada um de nós, actores, deste palco de expressões
e frases, de gestos e olhares, de olhos que se afastam da boca

... e do corpo que insiste em desmentir os dois. Fico! Sou! Serei!

“M.C.”
2000

04 December 2006

Bom dia

Fotografia "MC"


No teu corpo

Do teu corpo me deito no reflexo prateado
da penumbra que nos envolve, formas que
escapam à luz de velas, percorridas lentamente
por olhares semi-cerrados, desfocados, mais bebendo
insaciáveis, prolongando a satisfação.

Respiro o teu odor ao ritmo do meu coração,
entranhando em mim, ora calmo, tranquilo,
compassado do tempo a escorregar brando,
ora agitado, galopante de querer, de desejo
incontrolado, exuberante, pronto.

Sinto na pele o correr dos teus dedos, desenhando
as formas do meu ser, deslizam em gestos conhecedores
dos caminhos a percorrer, suaves, fortes,
enterram-se na carne, gentis e decididos,
sem hesitar, levando-me, conduzindo, seguros.

. . . aqui estou, aqui me tens!


."MC"

01 December 2006

Jessye Norman - Dido's Lament

Dido and Aeneas, composto por Henry Purcell (organista de Westminster Abbey, Londres) em 1689, é uma Obra-de-Arte Barroca . Esta aria corresponde ao fim desta opera de Purcell, depois de Dido ordenar ao seu amor Aeneas que a deixasse.
Ela canta este lamento e ... morre.

«When I am laid in earth,

May my wrongs create

No trouble in thy breast

Remember me, but ah! forget my fate»


Mágico !!!

29 November 2006

Na Amazónia

Fotografia João Gregório

Do olhar

Curvo suavemente ao correr da margem,
cintilam reflexos do tempo feitos luz,
que despertam de vida e acção,
relembrando o todo que se esconde.

Mundos discretos, movimentos de vida,
olho para além do obvio, do que parece,
a descoberta revelada em momentos fugazes,
destapados pelo olhar e o cair da fronteira.

Reolho-me, entrevejo-me, observo-me,
sou a ponte entre estes mundos
feitos num só, indissociados,
que me dão a conhecer o EU.


"MC"



.

28 November 2006



Quando o Universo nos oferece a Beleza infindável, a Surpresa constante, a Mudança permanente, Expanção de dentro para fora, Distâncias em Anos-Luz, Velocidades em Anos-Luz, Formas ilimitadas, Transmutação, nada se perde, tudo se transforma, tudo se recria e volta a criar, com razões e fórmulas que haveremos um dia de descobrir, quando já se colocarem novas e distantes questões, quem somos, o que somos, átomos do todo com o dever de contribuir, de dar e essencialmente de partilhar. Escolhemos a outra fórmula, a da agressão, da hostilidade, da destruição, dos Egos elevados que resultam em atitudes egoístas, falta de respeito por nós próprios, por tudo o que nos rodeia, por todos os que nos rodeiam. Observar o Universo, ganhando a noção da nossa verdadeira dimensão, talvez nos ajude a repensar as nossas atitudes e perceber que nada disto, nada dos actuais valores(?) se justifica, os quereres perdem sustentabilidade, o respeito essencial por nós próprios, que se irá inevitávelmente reflectir em tudo e todos que de alguma forma a nós estão ligados, o ar que nos ajuda a vida, a terra que nos aceita e acarinha, a água que nos preenche, os outros seres que nos acompanham e ajudam nesta caminhada.

Quando me espreitam

Como poderia dizer Mia Couto, estou "prazenteiro de agradado", "referencidado" pelo Talvez Te Escreva. Muito haverá certamente a partilhar, muito temos todos a oferecer.

27 November 2006

Movimentos descritivos

Fotografia "MC"


Eles querem
que eu faça o que faço
Eles querem
que eu diga o que digo

Eles querem
que eu seja o que sou

Eu não quero
fazer o que faço

Eu não quero
dizer o que digo

Eu não quero
ser o que sou

Hoje estou
amanhã sou

E depois
que levem o melhor
que para mim
tanto me faz.

Henrique Risques Pereira in "Transparência do Tempo"

24 November 2006

Bom Fim-de-semana


" Sempre que quiser produzir algo, não fique na dependência de uma fonte externa.

Mergulhe profundamente e busque a Fonte Infinita"




23 November 2006

Se eu soubesse escrever

Fotografia "MC"


Se eu soubesse escrever

Se eu soubesse escrever, pintaria
de cores as palavras. Traços
suaves do teu andar, flutuante em
formas de espaço. Quase éter,
tocando suavemente o ar, desculpando-se.

Se eu soubesse escrever, pintaria
de laranja a tua intensidade.
Desenharia os teus gestos prolongados,
marcantes, ternos, definidos
em palavras que só eu entenderia.

E na palette dos violetas e ocres, o teu
corpo deitado, sedento, sedoso. No branco
estendido, pedindo, reclamando,
dobrando-se, cedendo ao peso, à luxúria,
à partilha do toque, à pele, à penetração.

Se eu soubesse escrever, pintaria
de mar os teus olhos, de encontro
aos meus. Pintaria de luz o teu sorriso brando,
seguro de quem realmente está,
de quem faz parte, de quem é parte.

Se eu soubesse escrever, pintaria
o rosto desse sorriso de arco-iris, que
me transforma mal aparece, num abraço
que me envolve, aconchega, e
se prolonga em memórias que perduram.

Se eu soubesse escrever, pintaria
os teus lábios da cor a que dão vida,
sussurrantes de gestos, inaudíveis,
murmurios transbordantes de sensualidade,
entregas de prazer, momentos de agora.

Se eu soubesse escrever, pintaria
tudo de ti, num movimento
de cor estonteante.

"MC"

21 November 2006

Richard Wagner Tristan und Isolde karajan

Dois verdadeiros "Monstros" O meu intérprete de sempre, Karajan, dramático, intenso, lento, com a Diva Jessye Norman. Qualquer palavra que eu ousasse, ficaria aquém desta performance. Respirem-na como eu, sintam-na, chorem, vibrem, ninguém ficará indiferente. Só desejo partilhar ...

Funeral Blues

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin; let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policeman wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My moon, my midnight talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.

"W.H. Auden" April 1936

Ou como um poema nos faz sentir, vibrar, sonhar com Amores infinitos, anseios de Alma, de sermos capazes de Amar desta forma, de saber dar para saber receber, de respirar, de viver!

20 November 2006


Fotografia Joanna Gonsior



Hoje chove


Olho em redor, salpicado de chuva
que me lava a mente, com o cheiro a quente
terra negra, salpicada de verde, cortada de regos
que correm calmos, de bategas desenhados,
ignorando para onde, certos do caminho
... ainda que sem saber para onde.

“MC”

18 November 2006

A chuva de Meteoritos Leonid




Hoje e amanhã, ao por-do-sol resista e olhe para o lado oposto, para Este. Aliás estará lá também Saturno, o soturno, o professor, que está actualmente na constelação de LEO e prepare os desejos, porque a chuva de meteoritos vai ser espectacular a uma cadência de 100 por hora. Parece muito? Será só uma parte do que aconteceu em 2002 e 1999. Aproveite e já agora, que sirva de balanço para o resto da noite de fim-de-semana.

Trânsito de Mercúrio



Ainda o trânsito de Mercurio, numa pintura magnífica do Astrónomo Mark Seibold. Que felicidade, Ver com os olhos que tem e conseguir reproduzir com a Mão. Simplesmente Maravilhoso

17 November 2006

O Nome do Abrupto

«VAI NOME


O nome do Abrupto será um dos que irão num chip na sonda espacial Dawn em direcção aos asteróides, com partida marcada em Junho 2007. Boa viagem, nome. » "JPP in Abrupto"

Fico feliz porque, por cá, continua o Abrupto, que me habituei a ler diáriamente, que deixa a sua marca, que nos faz pensar e querer ler e ouvir também a Quadratura do Círculo. Hoje digiro a questão de "AS MINHAS RAZÕES PRÓ-AMERICANAS". Esta está a custar-me, porque existem muito mais razões do que as apontadas. Como sempre, JPP é exímio e inteligentíssimo na análise aos porquês e os quês, na forma envolvente como coloca as questões, tão contundente nos argumentos que, quase anula a "oposição". No entanto, nesta questão em particular, quando se fala das eleições nos EUA e se conclui a razão da grande derrota dos Republicanos, foi sómente a guerra hipócrita no Iraque, eu gostaria de crer que, também, se pode tratar de Americanos que começam a perceber e a entender que todas as atitudes posteriores ao 9/11, não foram decididas em função da "defesa da Nação" e segurança territorial americana. Existem por certo, sobejamente demonstradas, razões mesquinhas, egoístas e egocentristas, próprias da miopia e ambições pessoais de todo o grupo que, infelizmente, tem em mão, a maior e mais poderosa nação deste Planeta. Irresponsabilidade, decisões infantis, lógicas primárias, auto-contentamento indisfarçável, "feliz" e surpreendido com as suas próprias conclusões. A verdade é que o radicalismo Islâmico cresceu exponencialmente, repito exponencialmente, sem qualquer esforço de recrutamento, porque são aos milhares os voluntários que querem lutar contra o infiel. Os erros foram e são cometidos diáriamente, com escolhas erradas, mentiras descaradas, tal o desespero em que se encontram as autoridades americanas, com distorções criminosas do dia a dia no Iraque e Afeganistão. As decisões foram dele, as consequências ficarão e perdurarão por muitos anos, incontroláveis, incontornáveis, sem qualquer vislumbre de solução ou sequer hipótese a curto-prazo. As consequências são e serão de todos nós, sem excepção. O verdadeiro "monstro" da dimensão actual, foi criado por um outro monstro, sem escrúpulos, sem visão, sem sentido, a administração americana, por uma mão cheia de indivíduos ávidos de poder e dinheiro que me recuso a nomear. O déficit e a dívida externa dos EUA, está em boa parte, nos bolsos de alguns cidadãos americanos, que conduziram da melhor forma toda esta situação em seu benefício. Se Deus quiser, ainda enquanto eu viver, terei oportunidade de vê-los terem que prestar contas pelas suas acções e opções. Não acredito, ao contrário de JPP, que só a força e o medo da força sejam a solução. A força e o medo gerado por esta como factor dissuasor, sim. O efeito de crescendo que continuará a existir pela sua aplicação, desenvolverá a escalada de violência a todo o planeta. A única solução está em colaborar, trabalhar com os moderados Islâmicos, trabalhar em acções que beneficiem o"outro" mundo, aquele que desespera pelos nossos excedentes, aquele que morre sistematicamente por falta do que atiramos ao lixo, preocupação pelos outros, compaixão, conquistar pelo lado positivo algo que este mundo a duas velocidades criou, o olhar pedinte misturado com o desespero do ciclo de miséria. Isto evidentemente, depois de os Democratas Americanos, sim, já esses, inventarem a formula mágica que os fará sair do Iraque e do Afeganistão, e ainda contando que, a actual administração não continue a multiplicar os erros graves, as mentiras e a demagogia barata com que nos quer convencer a todos. A ONU, deveria, de vez, assumir as suas funções e papel regulador no mundo, sendo que, para isso cada país terá que dar um enorme esforço e contributo. Os 30 milhões de americanos que vivem abaixo do limiar da pobreza, por lá continuam a arrastar-se nos ciclos das senhas de produtos de super-mercado e das drogas, os nossos 200 mil, continuam a desesperar sem perspectivas de curto ou médio prazo ...... mas também desejo Boa Viagem à Dawn e ao Nome do Abrupto que segue a bordo.

Cores

Sombras que se esvaiem na penumbra, deixam
passar por elas passos de calçada, soados
ao peso de quem os dá. Batidos fortes,
uns mais que outros ...

Parto agora para outros lados,
até que as sombras não sejam
e de onde a luz se faça presença,
ilumine todos e se confunda com as
texturas, as cores reapareçam e eu me deixe,
insolente de vida, estar ......


"MC"

O trânsito de Mercurio


Quarta-feira, 8 de Novembro, no seu verdadeiro dia (Miercoles, Mercoledì), no dia a si dedicado desde a memória dos tempos, Mercúrio mostrou-se, da unica forma que o sabe fazer nestas alturas, em contraste com a sua, nossa estrela, o Sol. Foi assim, durante 5 horas flutuou lentamente na cara do Sol, sorte dos habitantes do pacífico que puderam observar este fenómeno com um simples filtro. Quando a sonda Messenger lá chegar, irá tentar perceber como um planeta que atinge os 400º C positivos durante o dia na face exposta ao sol, pode manter -200º C nas suas crateras polares. Dentro de mim soam repetidamente as mesmas palavras, fantástico, maravilhoso! (Clica duas vezes sobre a imagem para abrir.)
Fotografia "MC" (tranquilo)

Hoje vi a Bárbara

Sons dissonantes que se transformam em desarmonias melodiosas, mestria de notas, repetidas em cadências quase militares, impõem-se por si , em criações sobre uma nota só, variações de temas repetidos à exaustão, trazidos vencedores ao bailado de adagios soberbos, andante quasi cantabile, que brotam serpenteantes e que crescem repentinamente. São agora allegro vivaces, troppo, troppo, troppo ... brutos, doces, ásperos, com contra-pontos angustiantes, rasgados pelas cerdas de arcos nas cordas que se lhes opõem, que se substituem, os metais abrem espaço para onde tudo transborda e onde quase tudo chega, onde se encontra, da suavidade ao ponto em que todos quase já não se sustêm na vibração no interminável crescendo, em extase, para se deixarem depois escorregar, exaustos, mudando de atitude, ou quando não suportando mais, se calam de repente, suspensos no ar da sala, na pele, nos ouvidos que assim sentem o desejo aumentar, pedindo mais e mais. E o piano que insiste em ser tudo, em dar tudo. Doze músicos, dezasseis instrumentos de prazer, fortes, marcantes a dar todas as oitavas. E hoje vi-te Bárbara. Hoje vi a Bárbara, vibrante como a música. Estavas lá, a ouvir o Michael Nyman.

16 November 2006

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande sê inteiro, nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive.
"Ricardo Reis"

15 November 2006

Na Amazonia


Fotografia João Gregório
Fervilham as ideias, trazem-me duvidas sobre como começar. Sempre soube que em qualquer situação, da mais pequena à mais gigante, o passo mais difícil, o que antecipa, o que rasga, o que abre, o que espreita, o que decide, é este, o primeiro. Fico aqui, tentando imaginar como será, o que poderá vir a acontecer, virá por certo a acontecer. Agora... já cá estou!